sexta-feira, 15 de julho de 2011

Meu Super Homem

Então estávamos enroscados na coberta, trocando palavras bonitas de amor, e outras nem tão bonitas assim, de zoação. Então ele me abraçava forte, e eu roçava o meu nariz na camiseta dele, assim sentia o perfume. Aquele perfume que eu ajudei a escolher, no começo de tudo. Aquele cheiro que era marcante, que era o cheiro dele. Estava dando a hora dele ir embora, então ele sorriu e disse que o cheiro dele ficaria no meu edredon. Nos levantamos, ele estava partindo, e eu fazendo o meu teatrinho costumeiro, no qual eu imploro pra ele dormir aqui comigo, sorrindo, pendurada no pescoço dele,enquanto ele ora me abraça, ora tenta escapar de mim, enquanto me diz que meu pai não o deixaria dormir comigo. Então eu dou risada e concordo, mas não o deixo de agarrar. Ele me abraça forte de novo, mas me afasta, como que pra me colocar juízo e diz que está indo. Então após essa ceninha, e mais aquela outra de "já estou com saudade", ele vai. Não demora muito, ele me avisa que chegou. Fico tranquila. Não que eu pense que ele tem outra, e que engana a nós duas. Mas o mundo é tão perigoso e tão violento, que ás vezes me sinto mãe do meu amado, e não quero que ele corra, que ele xingue alguém na rua, ou que esqueça de colocar gasolina no carro. Eu sempre passo essas recomendações a ele, e apesar de eu saber que ele não as segue, eu sei que ele gosta de me ouvir dizendo essas coisas, acho que aí ele percebe que eu me preocupo com ele. Então após ele me avisar que chegou, eu puxo o edredon e mergulho na cama, arrumando as cobertas e os travesseiros da maneira mais confortável. E quando eu puxo o edredon mais pra perto do rosto... sinto o cheiro. O cheirinho dele, aquele que eu ajudei a escolher, aquele que é marcante, que é só dele, aquele que ele disse que ficaria no meu edredon. Eu abro um sorriso, até penso em ligar para ele dizendo que o cheiro realmente ficou, mas mudo de idéia em seguida. Então eu me pego cheirando a coberta, e sentindo a sensação de que ele ainda está alí comigo, abraçadinho, fazendo calor, nesse frio. Pois ele me protege das baixas temperaturas. Pode estar nevando lá fora, mas quando ele está comigo, passo calor. E nem precisa de tanto contato físico, é só ele estar lá, que já me aquece. Então eu virei de lado, e fiquei com a coberta perto do nariz, sentindo o cheirinho e pensando em como é bom quando estamos deitados de conchinha. O braço dele na minha cintura, me protejendo do frio e de tudo o que é de ruim. Quando estou nos braços dele não há espaço para o mal. A solidão, o medo, o desespero, a raiva... tudo o que há de ruim em mim, no mundo, some. De repente estou vivenciando uma utopia. Meu amado, tem super poderes,ainda ontem, ele foi capaz de espantar a minha TPM. Eu seria capaz de decapitá-lo, mas ele chegou com aquele sorriso, aquele olhar doce que chega a me dar uma diabetes emocional (que eu adoro), e já me derreti. Ele não tem uma visão raio-x. Ele tem uma visão capaz de derreter o gelo do meu coração. Eu digo que este ser tem poder, porque em pouco tempo ele foi capaz de me transformar. E sou capricorniana, teimosa, é difícil mudar, quase impossível. Já estava acostumada com a minha mãe dizendo "essa, não tem mais jeito". Então ele chegou com seus super poderes, e transformou este ser seco, opaco, sem vida, rancinza, em uma guriazinha alegre, apaixonada, dessas que quando vê o namorado chegando, não esconde o sorriso, quer pular no colo dele, abraçar, beijar, tudo ao mesmo tempo. O amor tem dessas coisas.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Garota Estelar

Estava ela olhando a lua, e observando as estrelas. Ela estava entediada, mas se lembrou desse hobbie, da época que ela era criança, e resolveru fazê-lo, para matar o tempo. Ela não se lembrava mais como era bom observar o céu. E começou a ficar fascinada pelos desenhos que as estrelas formavam no céu. Começou a brincar de ligue os pontos com as estrelas então, e criou várias constelações. Teve o cuidado de tirar foto com o celular, para conseguir localizar todas em outra ocasião. Ela havia criado outro hobbie, inventar constelações e fotografá-las. Ela então fotografou uma constelação sem querer, testando a câmera do celular. E quando ampliou a foto no computador, levou um susto. A constelação formava um desenho bobo de um skate. Sim, um skate. Um shapezinho formado de estrelas, com duas estrelinhas bem brilhantes embaixo, que faziam o papel das rodinhas. Não era poética essa constelação, como as outras que ela havia encontrado, mas essa era a única que conseguiu fazer com que a garota, se lembrasse dele. O garoto pelo qual ela precisava inventar hobbies idiotas para não pensar mais nele. Mas pensou, sem querer. Criou uma constelação só pra ele.E a batizou com o nome dele. Droga, agora ela precisava encontrar outro hobbie.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

um pouco de paz

Caminhei descalça naquela chuva, o alfalto quente queimando um pouco o pé, mas aquilo não me incomodava. A chuva caía, formando gotas nos meus cílios, eu só ouvia o barulho da minha respiração e os trovões. Eu estava sozinha naquela estrada, caminhando sem destino, sem sapato, sem pressa. Ás vezes eu pisava propositalmente em uma poça de água, ou me enroscava na vegetação crescente da beira da estrada, estava tudo coberto com orvalho. E eu alí única, sem contato com o mundo, sem celular, sem rg nem cpf. Indigente, mas tão gente. Mas tão eu. E tanta paz. E aquela paz se multiplicava com as gotas da chuva.